Protestos por moradia e vaias marcaram a primeira das seis audiências públicas realizada nesta segunda-feira (22) para discutir a revisão do plano diretor de São Paulo. O evento reuniu cerca de 300 pessoas na Câmara Municipal e contou com a presença do prefeito Gilberto Kassab. “Não concordo com as críticas, mas respeito”, disse Kassab.
A prefeitura elaborou uma proposta com várias alterações no plano que vai servir de base para as discussões. O plano original, aprovado em 2002, estabeleceu as regras de uso e ocupação do solo na cidade e previa desde o início a revisão do texto para adequar o documento a novas exigências do Estatuto da Cidade.
Representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs), associações de classe e de moradores subiram à tribuna para criticar a proposta de revisão. A maioria pediu a retirada imediata do projeto em discussão.
O arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, afirmou que a revisão do plano vai possibilitar a construção de novos imóveis ao longo dos corredores de ônibus e de metrô. "Não podemos entender São Paulo como mercadoria. Esse projeto de lei está pobilitando que ao longo dos eixos de metro e ônibus se possa construir empreendimentos favorecendo o investimento privado sem exigência de plano urbanístico estratégico. Ele facilita o negócio imobiliário em detrimento da qualidade de vida."
A arquiteta e urbanista Lucila Lacreta, da Associação Jardim das Bandeiras e do Movimento Defenda São Paulo, cobrou a avaliação do plano diretor implementado em 2002. "Essa avaliação ainda não foi apresentada à sociedade", disse ela. "O que foi apresentado não foi uma revisão, foi um novo plano", afirmou.
A arquiteta Luciana Bedesque, do Centro Gaspar de Direitos Humanos, reclamou da falta de acesso a mapas e ao conteúdo impresso da revisão do plano diretor. "Isso demonstra que a Câmara não está atenta à participação popular", disse.
Presidente da comissão encarregada de analisar a revisão do plano diretor, o vereador Carlos Apolinário (DEM) afirmou que as informações podem ser obtidas no site da Câmara.
Relator do projeto de revisão do PDE, o vereador José Police Neto (PSDB) considerou de cunho político as críticas e as vaias ao prefeito. "Quero que me apontem no texto do projeto onde está escrito que será permitida a construção de espigões", desafiou. Ele afirmou que as macroáreas não foram excluídas do PDE porque "jamais foram previstas" no texto original.
Fonte: G1, com informações do SPTV e Terra
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