As prestações finais de contas dos vereadores eleitos em 2008 na
capital paulista revelam que as empreiteiras foram as grandes doadoras das
campanhas eleitorais. Ao todo, as construtoras forneceram R$ 6, 411 milhões ou
aproximadamente 60% de um total de R$ 10,707 milhões de recursos provenientes
de pessoas jurídicas declarados pelos candidatos. É o que apontam os dados de 51
dos 55 parlamentares já reunidos no site do Tribunal Superior Eleitoral. Quatro
vereadores ainda não tiveram seus dados divulgados.
As construtoras foram responsáveis pela maior parcela de recursos jurídicos de 29
dos 55 vereadores paulistanos que tomarão posse no dia 1° de janeiro de 2009,
como mostra o infográfico publicado nesta página. Outras empresas do setor de
serviços, tais como gráficas, imobiliárias, empresas de publicidade aparecem em
segundo lugar na ordem dos maiores financiadores, seguidas pelas indústrias e
firmas do setor de comércio.
Os dados mostram que a maioria dos eleitos recebeu doações de empresas do
ramo de construção civil, que juntas representam 23,6% do total das receitas. O
caso mais expressivo é o da Associação Imobiliária Brasileira (AIB), que representa
incorporadoras e construtoras e que distribuiu R$ 2,975 milhões em 25 doações
para diferentes candidatos. A AIB foi a maior financiadora da campanha para a
Câmara Municipal, com 10,9% do total das doações.
Das 10 maiores doações, 6 foram de empreiteiras. A predominância dos
construtores entre os grandes financiadores é recorrente em campanhas,
especialmente de vereadores.
Empresas que prestam outros serviços, como gráficas, consultorias,
transportadoras, agências de publicidade, corretoras de imóveis e outras aparecem
na seqüência, em segundo lugar. Dez vereadores eleitos em São Paulo foram
beneficiados principalmente por empresas deste ramo, que juntas doaram R$ 2,010
milhões, valor que corresponde à 7,4% do total dos recursos.
Instituições do setor de comércio, apesar de numerosas, não fizeram doações tão
expressivas: apenas 5 candidatos obtiveram a maior parte dos recursos de
empresas comerciais. Os eleitos arrecadaram com o setor R$ 838 mil: 3,1% da
receita total. Marcas como Pão de Açúcar, Magazine Luiza, oficinas mecânicas e
restaurantes se destacam entre as doações. O Pão de Açúcar, nome fantasia da
Companhia Brasileira de Distribuição, foi o maior doador do ramo comercial,
investindo R$ 80 mil em 3 dos vereadores eleitos - Juliana Cardoso (PT), Goulart
(PMDB) e Cláudio Prado (PDT).
As indústrias foram responsáveis por 4,7% da receita das campanhas. Bem
distribuídos, os recursos de indústrias só foram os maiores financiadores de 3
candidatos. Mesmo que em menor quantidade, as doações da indústria foram
maiores do que as do setor de comércio e somaram R$ 1,268 milhão. Indústrias
farmacêuticas, metalúrgicas e indústrias de renome internacional, como a Gerdau e
a Votorantim, foram, neste ramo, as instituições que mais engordaram as
campanhas dos vereadores.
Demarest e Almeida Advogados - Biblioteca
Diferentemente do que ocorreu na arrecadação de fundos pelos candidatos à
prefeitura, em que as instituições financeiras eram as principais doadoras, no caso
dos vereadores os bancos representam nem 1% da arrecadação total. O Itaú doou
R$ 40 mil, divididos entre os tucanos Floriano Pesaro e Gabriel Chalita, e o
Bradesco doou R$ 50 mil para Mara Gabrilli, também do PSDB.
Os recursos de pessoas jurídicas correspondem a 39,5% do total arrecadado pelos
vereadores, em seguida vêm as doações dos partidos, com 32,7 % e os recursos de
pessoas físicas, com 17,3%. Os 10,5% restantes são referentes a recursos próprios
e rendimentos de aplicações financeiras.
Repasses
As contas apresentadas ao TRE são divididas em quatro tipos de recursos, os
provenientes de pessoas físicas, jurídicas, doações de partidos e recursos próprios.
Para evitar ligações que sejam interpretadas como lobby , algumas empresas
utilizam subterfúgios legais para manter suas doações no anonimato. Uma das
estratégias é doar a quantia ao partido, para ser repassado ao candidato, assim a
doação aparece como recurso do partido e não da empresa. Outra estratégia é dar
o dinheiro para associações, como o caso da AIB, que possui 50 empresas
associadas. Neste caso, apenas o candidato sabe a origem exata.
As construtoras não lideram somente o ranking das maiores doações, mas também
o das empresas que mais contribuíram para mais de um candidato. É justamente o
caso da AIB, que doou para 25 vereadores, 9 deles do PSDB e cinco do DEM - o
maior aporte foi para o vereador Netinho (PSDB), no valor de R$ 270 mil. A
Construtora OAS também não fez questão de concentrar as doações, preferiu
distribuir entre nove candidatos, e foi a segunda empresa que mais doou: ao todo
foram R$ 765 mil. As empreiteiras Carioca Christiani Nielsen Engenharia e a
Construções e Comércio Camargo Corrêa doaram para 8 e 6 vereadores,
respectivamente, e são as terceira e quarta maiores financiadoras. As indústrias
Biolab Sanus Farmacêutica doou para 5 vereadores e a Spiral do Brasil, para 7. As
duas lideram entre as indústrias que doaram para mais de um candidato.
As contas de Arselino Tatto (PT), José Américo (PT), Claudinho de Souza (PSDB) e
Marcelo Aguiar (PSC) não foram consideradas, pois ainda estão sendo processadas.
Quatro candidatos não declararam ter recebido recursos de pessoas jurídicas. São
eles: Cláudio Fonseca e Milton Ferreira (PPS), Souza Santos (PSDB) e Zelão (PT).
Fonte: http://doclink.demarest.com.br/fds/fds.aspx?lib=BIBLIOTECA&doc=47580
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